atrás das portas
trancadas
não há nada que não esteja morto
dentro d’uma casa vazia
há a eletricidade em sentido
offline
e ruídos engomados
de intelecto castrado
há também
tudo que morreu
antes dos cômodos preenchidos
dos copos de vidro
das gavetas fechadas
muito houve
quando não havia retratos
na estante
e gemidos bem gozados
então
a porta está aberta
e os objetos da memória
espremidos no contra laudo
com a informação em negrito
todas as letras altas
nenhuma palavra afirmava
que essa casa
nunca foi habitada
e se manteve sempre viva