te desejo como a selva
deseja a chuva
e te recebo como o mar
recebe o rio
e a maré que inunda e esvazia
a carne e a comida

e te pertenço toda
porque meu olho te segue
pelas travessias fissuradas
que desembarcam num
segundo de mãos
e de línguas

os sinais de saudade
dessa tua doçura feroz
deformam a cidade em diafragmas envelhecidos
porque te percebo
como a fotografia
revelada pelo indício
das aparências que se constroem
junto aos muros, junto aos pórticos, junto a vida
que se cria e
se estanca.

e rastro é ventania azulada
resto de calma

respiro devagar o tempo
que se alarda
nos dias
porque te sinto como
um infinito de faíscas
que inflama a carne e ilumina a vida

Deixe um comentário